A terça-feira foi de queda generalizada dos preços dos grãos negociados na bolsa de Chicago, sob forte influência de um movimento de correção técnica.
Após duas altas consecutivas, no mercado de trigo os contratos para março, os de maior liquidez, caíram 0,76%, a US$ 7,86 por bushel, e os lotes para maio recuaram 0,50%, a US$ 7,9675 por bushel.
Enquanto investidores aguardam novos desdobramentos sobre o impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre o corredor de grãos no Mar Negro, o trigo russo segue dominando a preferência dos compradores, ganhando vantagem sobre o produto americano — fato que também contribui para pressionar as cotações em Chicago.
As exportações de trigo da Rússia atingiram novo recorde na semana passado e somaram 2,9 milhões de toneladas, de acordo com dados da National Commodity Exchange (NCE) compilados pela consultoria SovEcon.
Esse é o maior volume semanal registrado desde 2021, pelo menos, impulsionado pela colheita recorde no país.
Segundo a SovEcon, o trigo russo ganhou competitividade nas últimas semanas, com o spread entre o cereal francês da Euronext e do Mar Negro chegando a entre US$ 17 e US$ 18.
Milho
No caso do milho, os contratos para março, os mais negociados, fecharam em queda de 0,40%, a US$ 6,8225 por bushel, e os papéis para maio recuaram 0,37%, a US$ 6,7975 por bushel.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, diz que o mercado internacional do milho está de lado neste momento, ainda que o patamar de preço esteja “muito bom”, segundo ela.
“Além disso, os estoques dos EUA não são tão baixos como os da soja, as exportações americanas estão fracas e ainda é cedo para se preocupar de fato com o atraso do plantio de milho safrinha 2023 do Brasil”, afirma.
Enquanto as vendas de milho americano “patinam”, as exportações do grão brasileiro seguem aquecidas, e devem atingir 2,1 milhões de toneladas neste mês. O número representa um crescimento de quase 300% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
Soja
Já os lotes da soja para março, os mais líquidos, fecharam em queda de 0,34%, a US$ 15,3750 por bushel, e os papéis para maio caíram 0,39%, a US$ 15,30 por bushel.
“Ontem, o contrato para maio chegou a uma nova máxima do ano até agora e ao maior patamar desde junho do ano passado, favorecido pela quebra de safra na Argentina e pelas cotações muito firmes do farelo de soja. Hoje, as cotações estão com pequena correção”, diz Daniele Siqueira.
Ainda assim, ela vê um cenário de preços firmes para a oleaginosa, que devem seguir pautados pelos fundamentos climáticos na América do Sul.
“Os preços estão firmes em Chicago devido à quebra na Argentina e aos estoques baixos dos EUA, que ficam ainda mais pressionados pela migração da demanda de parte dos importadores de farelo e óleo que vão ficar descobertos pela produção menor na Argentina”, acrescenta.
A expectativa de alta demanda pela soja brasileira também pressiona o mercado. As exportações brasileiras devem alcançar 9,4 milhões de toneladas este mês, volume 3,3% maior que o embarcado em fevereiro de 2022, segundo estimativa da Anec.
Fonte: Valor Econômico