A seca no Rio Grande do Sul deverá afetar a produção de grãos do Estado, mas apesar disso o Brasil ainda terá uma produção recorde em 2022/23, pela primeira vez superior a 300 milhões de toneladas. Em seu quinto relatório sobre a atual temporada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou que a colheita dos grãos e fibras somará 310,6 milhões de toneladas, 14% mais que em 2021/22. Na comparação com o último relatório, porém, houve um corte de 300 mil toneladas.
“O início da colheita de milho e soja no estado gaúcho confirmam as previsões de queda de produtividade acentuada devido às baixas precipitações ocorridas durante o ciclo da cultura no estado. Por outro lado, o desempenho das lavouras no Centro-Oeste foi beneficiado pelo clima favorável. Em Mato Grosso as produtividades obtidas para a soja, por exemplo, têm sido superiores às previstas”, afirmou o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, no texto.
Principal grão cultivado no país, a soja deverá atingir uma produção de 152,9 milhões de toneladas, 21,8% mais que no ciclo anterior e o mesmo volume que o projetado pela Conab no mês passado.
A colheita já teve início em várias regiões do país, mas com ritmo mais lento que em 2021/22, devido à chuvas no Centro-Oeste. Segundo a estatal, os trabalhos chegaram a 8,9% da área semeada, ante 16,8% um ano antes.
As chuvas também atrasaram o início do plantio do milho de segunda safra, o que fez a Conab cortar em 2 milhões de toneladas sua estimativa de produção, para 95 milhões de toneladas. Ainda assim, o volume será 10,6% maior na comparação com a safra passada.
Sobre a safra de verão do cereal, a Conab não fez alterações de volume, com estimativa de 26,5 milhões de toneladas, 5,7% mais que em 2021/22. “Os ganhos só não são maiores em virtude dos problemas climáticos do Rio Grande do Sul”, diz o texto.
Outras culturas
Em relação as demais culturas, a Conab fez apenas pequenos ajustes. A produtividade obtida nas lavouras de feijão primeira safra compensou a menor área cultivada e a produção dos três tipos da leguminosa ficou estimada em 994,2 mil toneladas. O plantio da segunda safra do grão já teve início nos estados de Santa Catarina e Paraná, e a semeadura da terceira deve ter início no final de abril. Com isso, a produção total de feijão deve se manter estável em relação ao ciclo passado, próximo a 3 milhões de toneladas.
No caso do arroz, a colheita ficou estimada em 10,2 milhões de toneladas, 5,7% menos que em 2021/22. No mê passado, a previsão era de 10,4 milhões. O ajuste no volume se deve aos impactos do clima nas lavouras gaúchas.
Para o algodão, a estimativa de produção ficou em 3 milhões de toneladas da pluma, elevação de 19,2%. Se confirmado o resultado, a colheita retorna ao patamar de volume produzido antes do período da pandemia.
Fonte: Valor Econômico