Após quase triplicar de tamanho no Brasil em 2022 e alcançar um faturamento de R$ 8 bilhões, a Nutrien elegeu como objetivos para o país em 2023 garantir a integração adequada dos ativos comprados este ano, fomentar a expansão orgânica da atual rede de distribuição de insumos agrícolas, inaugurar novas lojas e continuar de olho em oportunidades de aquisição.
“Depois de um ano como este, em que nosso crescimento foi muito acelerado, é preciso rebalancear as prioridades. Vamos consolidar nossa plataforma, mas sem deixar de continuar avançando”, afirmou André Dias, presidente da multinacional canadense na América Latina, ao Valor. Esse avanço se deu sobretudo na área de varejo de insumos, embora a companhia continue investindo na ampliação de seus negócios de mistura de fertilizantes no Brasil.
Os aportes nas aquisições de três novas redes de distribuição no país somaram cerca de US$ 500 milhões este ano. Com a Marca Agro e suas sete lojas, a Nutrien melhorou seu posicionamento em Minas Gerais e o acesso a cafeicultores; com a Casa do Adubo e seus 39 pontos de venda em 11 Estados, agregou vendas anuais da ordem de R$ 2,5 bilhões e consolidou a nacionalização da operação; e com a compra da Safra Rica, que ainda depende da aprovação do Cade, incorporou mais nove unidades em São Paulo e Minas, de olho em produtores de cana e laranja.
A Safra Rica foi a sétima aquisição da Nutrien nesse segmento desde 2020 no mercado brasileiro, onde a empresa já conta com 120 unidades comerciais – somadas as redes da Argentina, do Chile e do Uruguai, são 188 unidades no total na América Latina, região onde a múlti vai faturar R$ 12 bilhões em 2022. Dos R$ 4 bilhões previstos para os outros três países que completam o faturamento larino, a Argentina responde por aproximadamente três quartos.
Das compras deste ano, a que está exigindo mais esforços no processo de integração é a Casa do Adubo. Além do grande número de lojas e de Estados de atuação, o modelo de negócios é diferente, com foco em vendas para pequenos produtores e distribuidoras de pequeno porte (via a subsidiária Casal). “E é por isso que ela nos atraiu. Certamente esse processo servirá para nortear nossas próximas aquisições”, afirmou Dias.
Apesar do forte crescimento registrado em 2022, quando o número de clientes superou 110 mil, foi um ano difícil para as vendas de insumos agrícolas no país, sobretudo pelo risco – que não se confirmou – de faltar fertilizantes no Brasil após a invasão russa na Ucrânia e da forte alta de preços dos nutrientes no mercado doméstico derivada desse risco. Em maio, os adubos atingiram um pico de mais de US$ 1 por tonelada, ante os atuais cerca de US$ 600. Em 2023, o cenário poderá melhorar.
Paralelamente, a Nutrien planeja para o ano que vem a inauguração de sua quinta misturadora de adubos no país, em Alfenas (MG). A múlti já conta com quatro unidades do gênero, localizadas em Itapetininga (SP), Araxá (MG), Cristalina (GO) e Morrinhos (GO). As misturadoras recebem as matérias-primas e formulam os fertilizantes usados pelos produtores rurais nas lavouras.
Fonte: Valor Econômico