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Embrapa implanta o “Programa Uvas de Pernambuco”

Pernambuco destaca-se nacionalmente e no mundo com as suas uvas finas o ano todo e na produção de vinhos com distintas características químicas de uvas produzidas próximas ao Equador. O “Programa Uvas de Pernambuco” está sendo formado com parcerias de prefeituras municipais. O estado está sendo mobilizado e tem total interesse no desenvolvimento econômico dos municípios.  A agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), também é uma parceira em potencial na mobilização da sustentabilidade de arranjos produtivos locais agrícolas.

Com base no Zoneamento Agroecológico do Estado de Pernambuco (ZAPE) e do Zoneamento de Risco Climático (ZARC), a Embrapa recomenda os municípios mais favoráveis à videira e cruza fronteiras, levando a cultura da uva para a agricultura e para o desenvolvimento econômico dos municípios e das famílias agricultoras, passando por regiões semiáridas, mata e agreste de Pernambuco.

A experiência com uva, em região de Zona da Mata, bem-sucedida no município de São Vicente Férrer-PE, apresentou surpreendente resultado de produtividade de até 32 toneladas safra/ha, passando o município de 8 toneladas/ha/ano, para até 64 toneladas/ha/ano com duas safras/colheitas na mesma planta. A pesquisa foi realizada pela pesquisadora da Embrapa Solos, Selma Tavares, entre 2005 e 2010 que, levando a sua experiência de conhecimento de 15 anos, trabalhando com uvas na Embrapa Semiárido (Petrolina-PE), estudou a “otimização do sistema de produção da uva” na região da Zona da Mata de Pernambuco. O projeto da Embrapa foi financiado pelo governo do Estado de Pernambuco – PROMATA, e foi desenvolvido, in loco, no município, adotando-se a tecnologia de indução da produção com duas colheitas ano, por planta.

Fica evidente a alta capacidade de adaptação da cultura da uva, antes restrita a regiões de clima temperado no sul do País. Hoje introduzida também com sucesso em regiões semiáridas, a exemplo dos municípios exportadores de uva de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Mais recentemente, a região Agreste também vem apresentando resultados muito promissores. Os municípios de Garanhuns, Bonito e Gravatá fazem parte do “Programa Uvas de Pernambuco”, e outros municípios terão a mesma oportunidade, relata a pesquisadora Selma Tavares. O município de Garanhuns também é um exemplo de sucesso com uvas vinícolas e na produção de vinhos.

O ZARC (app Plantio Certo) relaciona as culturas e os municípios/estados,, indicando os meses favoráveis para o plantio certo e seguro. Esta ferramenta, é resultante do programa nacional de ZARC da Embrapa, que considera as cultura, os solos o clima e formas de manejo de cultivo. O aplicativo – Plantio Certo, será utilizado na indicação de municípios a serem avaliados para o “Programa Uvas de Pernambuco” considerando riscos de 20% e plantio o ano todo, além de considerar ainda a cultura da uva com irrigação. Dessa forma, os municípios de Pernambuco indicados por este aplicativo, ainda serão avaliados quanto a altitude. Serão considerados para testes com a cultura da uva aqueles municípios com áreas apresentando mais de 300m do nível do mar.

Os 17 municípios com uvas, até então, no estado, são: Afrânio; Belém de Maria; Belém do São Francisco; Bonito; Feira Nova; Floresta; Garanhuns; Gravatá; Jurema; Lagoa Grande; Macaparana; Petrolândia; Petrolina; Santa Maria da Boa Vista; São Vicente Férrer; Timbauba e Vicência.

Dia de campo com oficina

A Prefeitura do município de Bonito, por meio do seu prefeito Gustavo Adolfo Cesar e do secretário de agricultura José Marcos da Silva, realizou um evento popular, na última semana de abril, nos dias 28 e 29, comemorando o “Programa Uvas de Bonito”. Durante o evento, numa sessão solene, o cerimonial convidou todos os gestores da Prefeitura e também a Embrapa a fazer a abertura. Um dia de campo também foi realizado na propriedade de Carlos Almérico Frazão com 1/5 ha de uva, e uma Oficina “Tecnologia de podas de produção da videira” foi ministrada por Selma Tavares.  A data foi um marco da primeira poda de produção de uva no município que se prepara para a primeira colheita prevista para agosto de 2022.

A variedade plantada é conhecida comercialmente como ‘Isabel Precoce’ a cultivar ISACL 1 é um clone da tradicional cultivar ‘Isabel’. Apresenta as características gerais da ‘Isabel’ em relação a comportamento agronômico, produção e qualidade da uva, mas sua colheita é antecipada em cerca de 35 dias. As mudas são oriundas da ‘Isabel Precoce’ e estão sendo produzidas no município de São Vicente Férrer. Outros materiais de uva também estão previstos para serem testados, inclusive uvas para vinhos.

Bonito inicia sua história com a uva em 19 propriedades, adotando a tecnologia da Embrapa de “Otimização do sistema de produção da uva por indução da produção para duas colheitas ano”, objetivando altas produtividades e alto vigor de plantas. A pesquisadora Selma acompanha cada propriedade auxiliada pelo viticultor Evaldo Freire, de São Vicente Férrer. Entre as propriedades ressalta-se o desafio de um cultivo 100% orgânico, o do proprietário Oziel, no distrito de Mucuri.

Com a proposta de desenvolvimento sustentável, nos pilares, ambiental, social e econômico, Selma Tavares repassa as alternativas não químicas para a adubação e controle fitossanitário. Reforça os cuidados para a minimização de impactos socioambientais como desafio ao cultivo da uva, na premissa de oferecer alimento mais saudável em cultivo menos desagregador da natureza e em consonância com a Agenda global 2030, aos seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS e as suas 169 metas.

Fonte: Agro Link